terça-feira, 14 de fevereiro de 2006

Grunhidos e lamentos às escuras


Oi. Tudo bem? Eu também. Olha, não tenho teoria relevante sobre o nosso planetinha azul para lhes apresentar. Em face disso, escreverei, de agora em diante, sobre mundanismos. A meu ver, blog serve pra isso.

Curto e grosso, vou direto ao ponto do texto: música é uma das minhas obsessões. Meus CDs ocupam uma parte desproporcional do meu quarto. Enche meu peito de alívio saber que posso passar as minhas derradeiras horas do dia acompanhado da minha bela e sortida discoteca. Houve uma época em que a minha maior diversão era fuçar a internet à procura de bandas insólitas. Descobri, assim, coisas boas e horrendas. Hoje, todavia, estou mais seletivo. A verdade é que fico mais intolerante a porcarias à medida que envelheço.

Fiz um pente-fino e criei algumas categorias para os CDs. “Não quero encará-los nunca mais” e “quero escutá-los para sempre” constituem duas delas. Para começo de conversa, enumerarei 3 CDs que não me aborrecem jamais. Escolher só isso em meio a tanta preciosidade foi uma tarefa espinhosa. Não quer dizer que sejam os meus prediletos, mas, sim, os que gritaram mais alto no momento da escolha. Se a idéia pegar, mostro o resto. Vamos lá.

- Unknown Pleasures (1979), Joy Division –


Afastado da colorida Londres e entediado com a paisagem lívida e tirana de Manchester, um grupelho de jovens montou o JD. À época, o punk se mostrava excessivamente rude e insolente. Era a forma pela qual jovens reclamavam do sistema e cuspiam palavras de ordem. Possuído pelo espírito perturbador que vagava pelas ruas da cidade, o JD quis, além de provocar ruído, transformar toda aquela raiva em reflexão. Conseguiram retratar um momento no qual traumas provocados por falta de perspectiva de futuro assolaram irremediavelmente jovens britânicos. Para ilustrar isso musicalmente, JD mesclou sintetizadores magoados com ritmos tribais, paixão ao microfone e letras devastadoras. A capa do CD (acima) mostra o gráfico de uma estrela em decadência. De forma profética, mostra também a trajetória da banda, isso é, uma estrela mui brilhante que implodiu às pressas. Mas que influenciou um sem-número de boas bandas e deixou como rastro flamejante discos irretocáveis.

As músicas são impetuosas e acachapantes. Seguiam o ritmo alucinado e bruto das fábricas. A primeira metade do álbum é áspera. A segunda, melódica e gelada. Faixa mais legal do CD, The Eternal sintetiza bem o tom cinzento e contemplativo do álbum. “Nenhuma palavra poderia explicar, ou ação determinar, o mero assistir das folhas caindo das árvores”, sussurra Curtis, líder do JD.

Gosto muito do álbum porque, num primeiro momento, encontrei na letra das canções um pesaroso repique de identificação. Hoje, tenho na melodia a sensação de um momento único do rock. Quando ouço algo novo e totalmente estúpido, sem nenhuma novidade, volto para a inspiração que ele me traz.

- Astral Weeks, Van Morrison -

Minhas costas doem!

- Moon Pix, Cat Power -

Ah, neeeeeeeem.